quarta-feira, 23 de março de 2011

Análise da obra: "O Uraguai" de Basílio da Gama e "Caramuru" de Frei de Santa Rita Durão

O Uraguai, de Basílio da Gama

Análise da obra

O Uraguai, poema épico de 1769, critica drasticamente os jesuítas, antigos mestres do autor Basílio da Gama. Ele alega que os jesuítas apenas defendiam os direitos dos índios para ser eles mesmos seus senhores. O enredo situa-se todo em torno dos eventos expedicionários e de um caso de amor e morte no reduto missioneiro.

Tema central: Pelo Tratado de Madri, celebrado entre os reis de Portugal e de Espanha, as terras ocupadas pelos jesuítas, no Uruguai, deveriam passar da Espanha a Portugal. Os portugueses ficariam com Sete Povos das Missões e os espanhóis, com a Colônia do Sacramento. Sete Povos das Missões era habitada por índios e dirigida por jesuítas, que organizaram a resistência à pretensão dos portugueses. O poema narra o que foi a luta pela posse da terra, travada em princípios de 1757, exaltando os feitos do General Gomes Freire de Andrade. Basílio da Gama dedica o poema ao irmão do Marquês de Pombal e combate os jesuítas abertamente.

Personagens

General Gomes Freire de Andrade (chefe das tropas portuguesas); Catâneo (chefe das tropas espanholas); Cacambo (chefe indígena); Cepé (guerreiro índio); Balda (jesuíta administrador de Sete Povos das Missões); Caitutu (guerreiro indígena; irmão de Lindóia); Lindóia (esposa de Cacambo); Tanajura (indígena feiticeira).

Resumo da narrativa

A pobreza temática impele Basílio da Gama a substituir o modelo camoniano de dez cantos por um poema épico de apenas cinco cantos, constituídos por versos brancos, ou seja, versos sem rimas.

Canto I: Saudação ao General Gomes Freire de Andrade. Chegada de Catâneo. Desfile das tropas. Andrade explica as razões da guerra. A primeira entrada dos portugueses enquanto esperam reforço espanhol. O poeta apresenta já o campo de batalha coberto de destroços e de cadáveres, principalmente de indígenas, e, voltando no tempo, apresenta um desfile do exército luso-espanhol, comandado por Gomes Freire de Andrade.

Canto II: Partida do exército luso-castelhano. Soltura dos índios prisioneiros. É relatado o encontro entre os caciques Cepê e Cacambo e o comandante português, Gomes Freire de Andrade, à margem do rio Uruguai. O acordo  é impossível porque os jesuítas portugueses se negavam a aceitar a nacionalidade espanhola. Ocorre então o combate entre os índios e as tropas luso-espanholas. Os índios lutam valentemente, mas são vencidos pelas armas de fogo dos europeus. Cepé morre em combate. Cacambo comanda a retirada.

Canto III: O General acampa às margens de um rio. Do outro lado, Cacambo descansa e sonha com o espírito de Cepê. Este incita-o a incendiar o acampamento inimigo. Cacambo atravessa o rio e provoca o incêndio. Depois, regressa para a sede. Surge Lindóia. A mando de Balda, prendem Cacambo e matam-no envenenado. Balda é o vilão da história, que deseja tornar seu filho Baldeta, cacique, em lugar de Cacambo. Observa-se aqui uma forte crítica aos jesuítas. Tanajura propicia visões a Lindóia: a índia “vê” o terremoto de Lisboa, a reconstituição da cidade pelo Marquês de Pombal e a expulsão dos jesuítas.  

Canto IV: Maquinações de Balda. Pretende entregar Lindóia e o comando dos indígenas a Baldeta, seu filho. O episódio mais importante: a morte de Lindóia. Ela, para não se entregar a outro homem, deixa-se picar por uma serpente. Os padres e os índios fogem da sede, não sem antes atear fogo em tudo. O exército entra no templo. O poema apresenta então um trecho lírico de rara beleza:  

"Inda conserva o pálido semblante 

Um não sei que de magoado e triste 

Que os corações mais duros enternece, 

Tanto era bela  no seu rosto a morte!"

Com a chegada das tropas de Gomes Freire, os índios se retiram após queimarem a aldeia.

Canto V: Descrição do Templo. Perseguição aos índios. Prisão de Balda. O poeta dá por encerrada a tarefa e despede-se. Expressa suas opiniões a respeito dos jesuítas, colocando-os como responsáveis pelo massacre dos índios pelas tropas luso-espanholas. Eram opiniões que agradavam ao Marquês de Pombal, o todo-poderoso ministro de D. José I. Nesse mesmo canto ainda aparece a homenagem ao general Gomes Freire de Andrade que respeita e protege os índios sobreviventes.

Apreciação crítica

O poema é escrito em decassílabos brancos, sem divisão em estrofes, mas é possível perceber a sua divisão em partes: proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo. Abandona a linguagem mitológica, mas ainda adota o maravilhoso, apoiado na mitologia indígena. Foge, assim, ao esquema tradicional, sugerido pelo modelo imposto em língua portuguesa, Os Lusíadas. Por todo o texto, perpassa o propósito de crítica aos jesuítas, que domina a elaboração do poema.

A oposição entre rusticidade e civilização, que anima o Arcadismo, não poderia deixar de favorecer, no Brasil, o advento do índio como tema literário. Assim, apesar da intenção ostensiva de fazer um panfleto anti-jesuítico para obter as graças de Pombal, a análise revela, todavia, que também outros intuitos animavam o poeta, notadamente descrever o conflito entre a ordenação racional da Europa e o primitivismo do índio.

Variedade, fluidez, colorido, movimento, sínteses admiráveis caracterizam os decassílabos do poema, não obstante equilibrados e serenos. Ele será o modelo do decassílabo solto dos românticos.

Além dessas, outras características notáveis do poema são:

Sensibilidade plástica: apreende o mundo sensível com verdadeiro prazer dos sentidos. Recria o cenário natural sem que a notação do detalhe prejudique a ordem serena da descrição.

Senso da situação: o poema deixa de ser a celebração de um herói para tomar-se o estudo de uma situação: o drama do choque de culturas.

Simpatia pelo índio, que, abordado inicialmente por exigência do assunto, acaba superando no seu espírito o guerreiro português, que era preciso exaltar, e o jesuíta, que era preciso desmoralizar. Como filho da “simples natureza”, ele aparece não só por ser o elemento esteticamente mais sugestivo, mas por ser uma concessão ao maravilhoso da poesia épica.

Devido ao tema do índio, durante todo o Romantismo, o nome de Basílio da Gama foi talvez o mais freqüente, quando se tratava de apontar precursores da literatura nacional. Convém, entretanto, distinguir neste poeta o nativismo do interesse exterior pelo exótico, havendo mesmo predomínio deste, pois o indianismo não foi para ele uma vivência, foi antes um tema arcádico transposto em linguagem pitoresca.

O preto africano lhe feriu a sensibilidade também, tendo sido o primeiro a celebrá-lo no poemeto Quitúbia, mostrando que a virtude é de todos os lugares.

Basílio foi poeta revolucionário com seu poema épico. Enquanto Cláudio trazia ao Brasil a disciplina clássica, Basilio, sem transgredi-la muito, mas movendo-se nela com maior liberdade estética e intelectual, levava à Europa o testemunho do Novo Mundo.

Caramuru, de Frei de Santa Rita Durão

Análise da obra

O poema Caramuru narra o descobrimento da Bahia, o naufrágio de Diogo Álvares Correia e seus amores com as índias, sobretudo com Paraguaçu. O material é amplo: tem desde fatos da história do Brasil, o temperamento indígena, até lendas. 

A narrativa é enriquecida com referência a fatos históricos desde o Descobrimento até a época do autor, dando-se grande relevo também à matéria descritiva e informativa. Caramuru é a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil.

Estilo

Santa Rita Durão penetra na vida do índio com intento analítico diferente do devaneio lírico dos contemporâneos. A fantasia a que se abandona é com efeito precedida pela descrição dos costumes, das técnicas, dos ritos, tão exata quanto possível no seu tempo.

Numa camada mais profunda que o nativismo e o indianismo, o que verdadeiramente anima a epopéia do frade mineiro é a sua visão do mundo, ou seja, a inspiração religiosa (religião como ideologia). Esta consiste em justificar e louvar a colonização como empresa religiosa desinteressada, trazendo a catequese para o primeiro plano e com ela cobrindo os aspectos materiais básicos. A visão laica e civil do Uraguai e dos poemas satíricos é aqui banida, fazendo do Caramuru o antagonista ideológico da melhor linha mental na literatura comum. 

Personagens

Diogo Álvares Correia - o Caramuru 

Paraguaçu - filha do cacique Taparica

Gupeva e Sergipe - chefes indígenas

Moema - índia amante de Diogo.

Enredo e estrutura da obra

Caramuru tem os elementos tradicionais do gênero épico: duros trabalhos de um herói, contato de gentes diversas, visão de uma seqüência histórica. 

É composto de dez cantos e, de acordo com o gênero, divide-se em cinco partes: proposição, invocação, dedicação, narração e epílogo, e segue o esquema camoniano, usando a oitava-rima, observando a divisão tradicional em proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo. Uso da linguagem mitológica e do maravilhoso pagão e cristão, rigorosamente nos moldes camonianos.

Canto I - Na primeira estrofe, o poeta introduz a terra a ser cantada e o herói - Filho do Trovão -, propondo narrar seus feitos (proposição). Na estrofe seguinte, pede a Deus que o auxilie na realização do intento (invocação), e da terceira à oitava estrofes, dedica o poema a D. José I, pedindo atenção para o Brasil, principalmente a seus habitantes primitivos, dignos e capazes de serem integrados à civilização cristã. Se isso for feito, prevê Portugal renascendo no Brasil.

Da nona estrofe em diante, tem-se a narração. A caminho do Brasil, o navio de Diogo Álvares Correia naufraga. Ele e mais sete companheiros conseguem se salvar. Na praia, são acolhidos pelos nativos que ficam temerosos e desconfiados. Os náufragos, por sua vez, também temem aquelas criaturas antropófagas, vermelhas que, sem pudor, andam nuas. Assim que um dos marinheiros morre, retalham-no e comem-lhe, cruas mesmo, todas as partes. 

Sem saber o futuro, os sete são presos em uma gruta, perto do mar, e, para que engordem, são bem alimentados. Notando que os índios nada sabem de armas, Diogo, durante os passeios na praia, retira, do barco destroçado, toda pólvora e munições, guardando-as na gruta. Desde então, como vagaroso enfermo, passa a se utilizar de uma espingarda como cajado.

Para entreter os amigos, Fernando, um dos náufragos, ao som da cítara, canta a lenda de uma estátua profética que, no ponto mais alto da ilha açoriana, aponta para o Brasil, indicando a futuros missionários o caminho a seguir.Um dia, excetuando-se Diogo, que ainda estava enfermo e fraco, os outros seis são encaminhados para os fossos em brasa. Todavia, quando iam matar os náufragos, a tribo do Tupinambá Gupeva é ferozmente atacada por Sergipe. Após sangrenta luta, muitos morrem ou fogem; outros se rendem ao vencedor que liberta os pobres homens que desaparecem, no meio da mata, sem deixar rastro.

Canto II - Enquanto a luta se desenvolve, Diogo, magro e enfermo para a gula dos canibais, veste a armadura e, munido de fuzil e pólvora, sai para ajudar os seis companheiros que serão comidos. Na fuga, muitos índios buscam esconderijo na gruta, inclusive Gupeva que, ao se deparar com o lusitano, saindo daquele jeito, cai prostrado, tremendo; os que o seguiam fazem o mesmo; todos acham que o demônio habita o fantasma-armadura. 

Álvares Correia, que já conhecia um pouco a língua dos índios, espera amansá-los com horror e arte. Levantando a viseira, convida Gupeva a tocar a armadura e o capacete. Observa, amigavelmente, que tudo aquilo o protege, afastando o inimigo, desde que não se coma carne humana. Ainda aterrorizado, o chefe indígena segue-o para dentro da gruta, onde Diogo acende a candeia, levando-o a crer que o náufrago tem poder nas mãos. 

Sob a luz, vê, sem interesse, tudo que o branco retirara da nau. Aqui, o poeta, louva a ausência de cobiça dessa gente. Entre os objetos guardados pelos náufragos, Gupeva encanta-se com a beleza da virgem em uma gravura.Tão bela assim não seria a esposa de Tupã? Ou a mãe de Tupã? Nesse momento, encantado pela intuição do bárbaro, Diogo o catequiza, ganhando-lhe, assim a dedicação. 

Saindo da gruta, o índio, agora manso e diferente, fala a seu povo Tupinambá, ao redor da gruta. Conta-lhes sobre o feito do emboaba, Diogo, e que Tupã o mandara para protegê-los. Para banquetear o amigo, saem para caçar. Durante o trajeto, Álvares Correia usa a espingarda, aterrorizando a todos que exclamam e gritam: Tupã Caramuru! Desde esse dia, o herói passa a ser o respeitado Caramuru - Filho do Trovão. Querendo terror e não culto, Diogo afirma-lhes que, como eles, é filho de Tupã e a este, também, se humilha. Mas que como filho do trovão, (dispara outro tiro) queimará aquele que negar obediência ao grande Gupeva.

Nas estrofes seguintes, o poeta descreve os costumes da selva. Caramuru instala-se na aldeia, onde imensas cabanas abrigam muitas famílias, que vivem em harmonia. Muitos índios querem vê-lo, tocá-lo. Outros, em sinal de hospitalidade, despem-no e colocam-no sobre a rede, deixando-o tranqüilo. Paraguaçu é uma índia, de pele branca e traços finos e suaves. Apesar de não amar Gupeva, está na tribo por ter-lhe sido prometida. Como sabe a língua portuguesa, Diogo quer vê-la. Após o encontro os dois estão apaixonados.

Canto III - À noite, Gupeva e Diogo conversam sob a tradução feita por Paraguaçu. O lusitano fica pasmo ao saber que, para o chefe da tribo, existe um princípio eterno; há alguém, Tupã, ser possante que rege o mundo; aquele que vence o nada, criando o universo. O espírito de Deus, de alguma maneira, comunica-se com essa gente. Gupeva eloqüente fala acerca da concepção dos selvagens sobre o tempo, o Céu, o Inferno. Abordam a lenda da pregação de S. Tomé em terras americanas. Concluindo a conversa, o cacique diz que estão para ser atacados pelos inimigos; Caramuru aconselha-o a ter calma. De repente, chegam os ferozes índios Caetés que, ao primeiro estrondo do mosquete, batem em retirada, correndo, caindo; achando, enfim, que o céu todo lhes cai em cima.

Canto IV
-
 O temido invasor noturno é o Caeté, Jararaca, que ama Paraguaçu perdidamente. Ao saber que ela esta destinada a Gupeva, declara guerra. Após o ataque estrondoso do Filho do Trovão, Jararaca convoca outras nações indígenas com as quais tinha aliança: Ovecates, Petiguares, Carijós, Agirapirangas, Itatis. Conta-lhes que Gupeva prostrou-se aos pés de um emboaba pelo pouco fogo que acendera, oferecendo-lhe até a própria noiva. O cacique alerta-os que se todos agirem assim, correm o risco de serem desterrados e escravizados em sua própria terra, enchendo de emboabas a Bahia. Apela para a coragem dos nativos, dizendo que apesar do raio do Caramuru ser verdadeiro, ele nada teme, porque não vem de Deus. Não há forças fabricadas que a eles destruam. A guerra tem início e Paraguaçu também luta heroicamente e, num momento de perigo, é salva pelo amado lusitano.

Canto V - Depois da batalha, os amantes discorrem sobre o mal que habita o ser humano e qual a razão de Deus para permiti-lo. Em seguida, em Itaparica, o herói faz com que todos os índios se submetam a ele, destruindo as canoas com as quais Jararaca pretendia liquidá-lo.

Canto VI - As filhas dos chefes indígenas são oferecidas ao destemido Diogo, para que este os honre com o seu parentesco. Como ama Paraguaçu, aceita o parentesco, mas declina as filhas. Na mata, o herói encontra uma gruta com tamanho e forma de igreja e percebe ali a possibilidade dos nativos aceitarem a Fé Cristã, e se dispõe a doutriná-los. Mais tarde, salva a tripulação de um navio espanhol naufragado e, saudoso da Europa, parte com Paraguaçu em um barco francês.

Quando a nau ganha o mar, várias índias, interessadas em Álvares Correia, lançam-se nas águas para acompanhá-lo. Moema, a mais bela de todas, consegue chegar perto do navio Agarrada ao leme, brada todo seu amor não correspondido ao esquivo e cruel Caramuru. Implora para que ele dispare sobre ela seu raio. Ao dizer isso, desmaia e é sorvida pela água. As outras, que a acompanhavam, retornam tristes à praia. Nas demais estrofes do canto, a história do descobrimento do Brasil é contada ao comandante do barco francês.

Canto VII - Na França, o casal é recebido na corte e Paraguaçu é batizada com o nome da rainha Catarina de Médicis, mulher de Henrique II, que lhe serve de madrinha. Diogo lhes descreve tudo o que sabe a respeito da flora e fauna brasileira. 

Canto VIII - Henrique II se predispõe a ajudar Diogo Álvares na tarefa de doutrinamento e assimilação dos índios, oferecendo-lhe tropa e recompensa. Fiel à monarquia portuguesa, o valente lusitano recusa tal proposta. Na viagem de volta ao Brasil, Catarina-Paraguaçu profetiza, prospectivamente, o futuro da nação. Descreve as terras da Bahia, suas povoações, igrejas, engenhos, fortalezas. Fala sobre seus governadores, a luta contra os franceses de Villegaignon, aliados aos Tamoios. Discorre sobre o ataque de Mem de Sá aos franceses no forte da enseada de Niterói e sobre a vitória de Estácio de Sá contra as mesmas forças.

Canto XIX - Prosseguindo em seu vaticínio, Catarina-Paraguaçu descreve a luta contra os holandeses que termina com a restauração de Pernambuco.

Canto X - A visão profética de Catarina-Paraguaçu acaba se transformando na da Virgem sobre a criação do universo. Ao chegar, o casal é recebido pela caravela de Carlos V que agradece a Diogo o socorro aos náufragos espanhóis. A história de Pereira Coutinho é narrada, enfatizando-se o apoio dos Tupinambás na dominação dos campos da Bahia e no povoamento do Recôncavo baiano. 

Na cerimônia realizada na Casa da Torre, o casal revestido na realeza da nação espanhola, transfere-a para D. João III, representado na pessoa do primeiro Governador Geral, Tomé de Souza. A penúltima estrofe canta a preservação da liberdade do índio e a responsabilidade do reino para com a divulgação da religião cristã entre eles. Na última (epílogo), Diogo e Catarina, por decreto real, recebem as honras da colônia lusitana.

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Vida de: José de Alencar (Vídeo)

Perído Literário : "Romantismo"

Definição para Romance e romance
A definição de Romance se trata de um estilo de época, uma escola literária, surgida no século XVIII e que no Brasil teve representantes como Jose de Alencar (prosa), Alvares de Azevedo (prosa e poesia), etc.
Já o romance é um gênero literário como, por exemplo, um tipo de texto.
Influências das Revoluções Industrias e Francesas para o surgimento do Romantismo
O romantismo esta ligado a dois acontecimentos: a revolução francesa e revolução industrial, responsáveis pela formação da sociedade burguesa. Depois da revolução francesa(1787-1789),seguiu-se uma época de rápidas e profundas mudanças no mundo europeu.
A revolução industrial gerou novos investimentos que buscavam solucionar os problemas técnicos decorrestes do aumento da produção.
Após a revolução francesa, o absolutismo entrou em crise, cedendo lugar ao liberalismo (doutrina fundamentada na crença da capacidade individual do homem).
Com isso, Almeida Garrett acaba por exilar-se na Inglaterra, onde entra em contato com a Obra de Lord Byron e Scott. Ao mesmo tempo, por estar presenciando o Romantismo inglês, envolve-se com o teatro de William Shakespeare.
Em 1825, Garrett publica a narrativa Camões, inspirando-se na epopéia Os Lusíadas. A narrativa deste autor, é uma biografia sentimental de Camões.
A burguesia preparou terreno para o Romantismo. Por que? Qual a relação entre a ideologia  Burguesa e a estética Romântica
O processo social e econômico da burguesia, portanto preparou o terreno para que surgisse um fenômeno cultural baseado na liberdade de criação e expressão e na supremacia do individuo, que não mais obedece a padrões preestabelecidos.
·        A relação entre a ideologia Burguesa e a estética romântica é que ambas usam os sentimentos para traduzir tudo aquilo o que realmente sentimos. Prezavam-se a liberdade, ou seja, sem regras e modelos para serem seguidos.


Componentes que resumem o processo criativo dos românticos
Foi um estilo rico, diversificado e muitas vezes contraditório, dependendo do escritor e do local em que se manifestou. Três componentes básicos resumem o processo criativo dos românticos: paixão, emoção e liberdade, todos relacionados a uma subjetividade tão forte como nunca se tinha se notado na arte ocidental.
Citação e explicação das características básicas dos textos românticos
Neste período a criação artística deveria nascer da parte mais sensível e pura do ser humano, do mundo dos sentimentos, o artista romântico passou a considerar o “eu” como centro do universo, gerando assim, uma das características básicas desse estilo da época – o Individualismo.
Dentro dos textos românticos as características mais comuns eram:
  • Liberdade de criação: Postura diante da arte da vida;
  • Sentimentalismo: O romântico acredita-se que é através dos sentimentos que se consegue traduzir tudo aquilo que se tem dentro de si;
  • Supervalorização do amor: O amor fora considerado a coisa mais importante da vida, entrando em oposição a Burguesia, pois valorizavam o dinheiro. Obtêm-se a LOUCURA, a MORTE ou o SUICIDIO através da perda do amor.
  • Idealização da mulher: está é divinizada, cultuada, pura, envolta, virgem.
  • Mal-do-século: é a ideia que o espírito humano busca sempre a perfeição, a totalidade e o desajuste do individuo na sociedade burguesa; pessimismo em relação a sociedade e a si mesmo; busca do isolamento, da solidão.
  • Evasão: Volta-se ao passado histórico, no caso a idealização da Idade Média, como época de estabilidade política e social.
·        Individualismo: O homem burguês deu livre expressão a seus sentimentos e emoções mais íntimos.   
·        Feição anticlássica: A estética romântica proclamou a liberdade individual do artista. 
·        Fuga da realidade: A insatisfação com o mundo leva o romântico a fugir da realidade, expressando suas obras de várias maneiras: fuga para a natureza, fuga para o passado, fuga para o interior de si mesmo, fuga para o lado noturno de vida, para o misticismo, o sobrenatural, o sonho, a loucura ou a própria morte. 
·        Nacionalismo: O nacionalismo romântico floresce, e propaga a ideia de que cada povo é único e criativo, e expressa seu gênio na linguagem, na literatura, nos monumentos e tradições populares.


Contexto histórico específico do Romantismo Portugues (Principais obras e autores)

O Romantismo floresceu em todos os países ocidentais. Em Portugal, a tendência se desenvolveu a partir de 1836, nessa época o país passava por uma profunda crise econômica, política e social. 

A situação do país se agravava com a invasão de Napoleão e a independência econômica do Brasil, em 1820, iniciou-se uma revolução liberal para a modernização do país. 
Em 1836, as idéias românticas começaram a fluir, foram levadas da França e da Inglaterra pelos emigrados durante a revolução. 
Há três momentos distintos no desenvolvimento do Romantismo português:
·                               1º Romantismo (ou primeira geração): atuante entre os anos de 1825 e 1840, ainda bastante ligado ao Classicismo, contribui para a consolidação do liberalismo em Portugal, Os ideais românticos dessa geração estão embasados na pureza e originalidade. Principais escritores: Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Antônio Feliciano de Castilho.
·                               2º Romantismo (ou segunda geração): também conhecido como Ultra-Romantismo, marcado pelo exagero, desequilíbrio, sentimentalismo, prevalece até 1860. Principais escritores: Camilo Castelo Branco e Soares Passos.
·                               3º Romantismo ( ou terceira geração): de 1860 a 1870, é considerado momento de transição, por já anunciar o Realismo. Traz um Romantismo mais equilibrado, regenerado (corrigido, reconstituído). Principais escritores: João de Deus, na poesia, e Júlio Dinis, na prosa.


Almeida Garrett: Camões (1825), Dona Branca (1826), Adozinda (1828), Catão (1828), Romanceiro (1843), Cancioneiro Geral (1843), Frei Luis de Sousa (1844), Flores sem Fruto (1844), D’o Arco de Santana (1845), Folhas Caídas (1853);
Alexandre Herculano: Eurico, o presbitério, O monge de Cister, O bobo, Lendas e narrativas;
Antônio Feliciano de Castilho: artas de Eco e Narciso (1821), A Primavera (1822), Amor e Melancolia (1828), A Chave do Enigma, A Noite do Castelo (1836), Os Ciúmes do Bardo (1836), Crónica Certa e muito Verdadeira de Maria da Fonte (1846), Felicidade pela Agricultura (1849), Escavações Poéticas (1844), Presbitério da Montanha, Quadros da História de Portugal (1838), O Outono (1863).
Camilo Castelo Branco: Pundonores desagravados, Novelas: Anátema,A queda de um anjo, Onde está a felicidade?, Amor de Perdição, Amor de Salvação,Coração, cabeça e estômago, Novelas do Minho, Eusébio Macário, A coruja, A brasileira de Prazins.
Soares dos Passos: composição mais conhecida é O Noivado do Sepulcro.
João de Deus: Em 1893 publicou a coletânea poética Campo de Flores, incluindo-se nesta duas obras anteriores: Flores do Campo e Folhas Soltas. 
Júlio Dinis: "Uma Família Inglesa" (1868), "Serões da Província" (1870), "Os Fidalgos da Casa Mourisca" (1871), "Poesias" (1873) e "Teatro Inédito" (1946). 


Contexto histórico especifico do Romantismo no Brasil, inclusive características

A Independência é o principal fato político do século 19 e vai determinar os rumos políticos, econômicos e sociais do Brasil até a Proclamação da República (1889). Merece destaque também o Segundo reinado, em que o país conheceu um período de grande desenvolvimento em relação aos três séculos anteriores. Apesar disso tudo, o Brasil continuou um país fundamentalmente agrário, cuja economia se baseava no latifúndio, na monocultura e na mão de obra escrava.


Ênfase para as 3 fases do Romantismo Brasileiro (poesia), com seus principais autores e obras

Na poesia, distinguem-se três fases, as chamadas gerações românticas:
·         Indianismo - uma das formas mais significativas do nacionalismo romântico. o índio é um ser idealizado (nobre, valoroso, fiel), apesar disso demonstra a valorização das origens da nacionalidade.
·         Mal do século - voltando-se inteiramente para dentro de si mesmos, esses poetas expressavam em seus versos pessimistas um profundo desencanto pela vida. Muitos marcados pela tuberculose, mal que deu nome à fase.
·         Condoreirismo - poesia social e libertária que reflete as lutas internas da segunda metade do reinado de D. Pedro II.
  Principais poetas e obras Indianismo:
  Gonçalves de Magalhães: Suspiros Poéticos e Saudades (1836); Urânias (1862); Cânticos Fúnebres (1864).
    Gonçalves Dias:"I Juca Pirama", "Canção do Tamoio", “Os Timbiras”,"Leito de folhas verdes", "Se se morre de amor", "Como? És tu?", "Ainda uma vez - adeus!", "Seus olhos","Canção do Exílio","O mar","A noite" e "A tarde".
Principais poetas e obras mal do século:
·         Alvarez de Azevedo: "O Conde Lopo","Poema do Frade","Liras dos vinte anos","Macário"e "Noite na Taverna".
·         Junqueira Freire: Inspirações do claustro (1855) e Contradições poéticas (data incerta).
·         Casimiro de Abreu: Primaveras.
·         Fagundes Varela: Noturnas (1861), O Estandarte Auriverde (1863), Vozes da América (1864), Cantos e Fantasias (1865), Cantos Meridionais (1869), Cantos do Ermo e da Cidade (1869), Anchieta ou Evangelho na Selva (1875), Diário de Lázaro (1880), Cantos Religiosos (1878).

Principais poetas e obras condoreirismo:

·         Castro Alves: "Espumas Flutuantes" (1870)"A Cachoeira de Paulo Afonso" (1876)"Os escravos" (1883)
  • Tobias Barreto: Que Mimo (1874)O Gênio da Humanidade (1866)A Escravidão (1868)Amar (1866)Glosa (1864)
Ênfase para as 4 tendências da prosa no Romantismo Brasileiro
Romance urbano 

Ambientado na corte, o romance urbano caracteriza-se pela crônica de costumes, retratando a vida social da época. A pequena burguesia é apresentada sem grande aprofundamento psicológico, visto que a sociedade brasileira, ainda pouco urbanizada, não propicia análises de suas relações sociais pouco variadas. Cenas de saraus, bailes, passeios ao campo, etc. alternam-se com complicações de caráter social e moral, como casamentos, namoros, bisbilhotices, etc. 
São romances urbanos: A Moreninha, O Moço Loiro, A Luneta Mágica, de Joaquim Manuel de Macedo; Memórias de umSargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida; Diva, Lucíola, Senhora, A Pata da Gazela, Cinco Minutos e A Viuvinha, de José de Alencar. 

Romance regionalista 

O ambiente rústico, rural é focalizado. A atração pelo pitoresco leva o escrito romântico a pôr em evidência tipos humanos que vivem afastados do meio citadino. Isso observamos nos livros: O Cabeleira, de Franklin Távora; O Sertanejo, de José de Alencar; O Garimpeiro, A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães; Inocência, de Visconde de Taunay. 

Romance histórico 

Está ligado, pelo assunto, ao romance de “capa e espada”; revela o gosto pelo suspense e a ênfase à vingança punitiva. Há uma volta ao passado histórico, medieval. Apesar da influência estrangeira, pouco a pouco o romancista volta-se para a reconstituição do clima nacional; procura ser fiel aos hábitos, instituições e modus vivendi. 



Romance indianista
O romancista procura valorizar as nossas origens. Há a transformação das personagens em heróis, que apresentam traços do caráter do bom selvagem: valentia, nobreza, brio. Essa tendência do romance romântico encontramos nas obras: O Guarani, Iracema e Ubirajara, de José de Alencar.

Análise da obra : "O seminarista" de Bernardo Guimarães

Enredo da história:
Eugênio morava juntamente com seus pais, capitão Francisco Antunes, dono de uma fazenda aonde vivia e a senhora Antunes.
Nesta fazenda vivenciava, também ali os agregados do capitão, uma destas era a D. Umbelina, que foi acolhida pelos fazendeiros após da morte de um amigo, marido de Umbelina, cujo nome era Alferes. Umbelina tinha uma filha chamada Margarida.
Margarida e Eugênio formavam-se um grande laço de amizade. A senhora e senhor Antunes tinham esta como filha,ambos não saiam da casa um do outro.
Com o passar do tempo os pais de Eugênio percebem que ele tem grande feição pela religiosidade, aonde decidem envia-lo ao seminário, para seguir a vocação de Padre. Com essa noticia Margarida se espanta fazendo-lhe questionamentos de inquietação se o local aonde iria estudar era longe, ou quando iria voltar.
O tempo ia-se se passando e Margarida quanto mais ia crescendo aprendia com sua madrinha, no caso a mãe de Eugênio, e também com sua mãe a costurar, e outros trabalhos manuais.
Chegou o dia de Eugênio partir-se para o seminário, aonde este se localizava-se em Congonhas do Campo. Deu-se um pouco de trabalho para tirar Margarida do abraço que Eugênio lhe dera, mas sua mãe agarrou-a bem forte até que conseguiu segurar sua filha.
Passado dois anos Eugênio volta para casa, mais Margarida já não freqüentava, tanto a casa de Eugênio, pois já conseguia ajudar a mãe nas tarefas de casa, desta forma Eugênio passava-se o dia na casa de Umbelina ensinando sua filha a ler, algo que não agradava seus pais, pelo fato de tempo que lá ele passava.
Na volta de Eugênio para o seminário, não conseguia tirar apenas uma coisa de sua cabeça a imagem de Margarida, nas missas celebradas ouvia a voz dela, ficava pensando nela o tempo todo.
Com o “ar poético” que Eugênio obtinha, passava a escrever versos sobre Margarida e os escondia, o regente do seminário (um fiscal) um dia encontrou aqueles manuscritos, passando estes para o Padre-diretor, este era o responsável de “punir” as injurias feitas pelos alunos confiscando-os pessoalmente em sua sala. Eugênio fica sem reação, implorando para que o Padre-diretor não o punisse, assim dando-lhe mais uma chance.
A partir deste ocorrido Eugênio percebe que o Padre-diretor estava certo, que precisava esquecer Margarida, para conseguir a carreira eclesiástica. No seminário ele era seguido como uma pessoa exemplar e de boa conduta.
Havia quatro anos que Eugênio não visitará sua família, assim seus pais escrevem para deixa-lo tirar férias, mas o Padre-diretor tem medo pelo fato da paixão entre ele e Margarida. Mas o Padre acaba cedendo esta vontade dos pais e também do filho.
Voltando-se a sua casa, Umbelina e Margarida foram o visitar. Ao avistar Margarida, Eugênio fica encantado com sua beleza, mas tenta evitar a olhar para ela.
Não contendo-se mais Eugênio decide ir falar com Margarida. Margarida o recorda das lembranças de infância, o juramento que fizera que ela seria a primeira pessoa que ele confessaria, até que ela conta a verdade a Margarida, que não desejava mais ser padre e que ao acabar os estudos não seria Padre. Pensando que sua mãe iria apóia-lo nessa hipótese conta-lhe a verdade,a mãe entra em “choque” e  percebeu que o motivo seria Margarida, desta forma decide falar com seu pai para mandar rapidamente ao seminário.
Passado alguns dia a casa de Umbelina iria acontecer um mutirão (um tipo de festa entre camponeses), como Eugênio estava proibido de ir até lá, então mente a seus pais que iria passar a noite na casa de seu primo, pois logo, logo iria volta ao seminário, sendo assim, seus pais o autorizaram. Chegando ao mutirão Margarida vai ao seu encontro, mais lá, encontrava-se um rapaz chamado Luciano que amava Margarida, percebendo que ela não estava dando-lhe muita atenção, começa a discutir com Eugênio, pelo fato que ele seguiria a carreira de Padre, e que provavelmente teria saído escondido, com toda esta discussão Umbelina o expulsa-o. No dia seguinte Luciano conta tudo ao senhor Antunes, aonde decide o enviar para o seminário o mais rápido possível e só voltaria quando já tivesse formado para Padre.
Seu pai conta-lhe o acontecido ao Padre-diretor, este o chamava em sua sala duas ou três vezes por semana, para ver se conseguia esquecer Margarida, mas não obtendo resultado algum escreve uma carta a seus pais, aonde decidem expulsar Margarida e Umbelina da fazenda sem que o garoto saiba.
Com o tempo os conselhos do Padre, as leituras realizadas, Eugênio aos poucos dava-se a perceber que a imagem de Margarida ia se esvaindo de sua  mente, então decidem mentir a ele que Margarida se casará.
Em tempo de festividade religiosa, veio ao seminário um padre missionário Jerônimo Gonçalves de Macedo, convidado a celebrar a missa, aonde o assunto central deste fora a paixão contra a religiosidade em se formar Padre. Assim Eugênio percebe que é aquilo que ele deseja, a religiosidade, pois pensava que Margarida já quebrará a promessa de espera-lo a acabar “o curso” no seminário.
Pouco tempo depois Umbelina falece de velhice na casa de sua parenta aonde estava hospedada.
Quando já formado para Padre, Eugênio volta a sua cidade natal, aonde o povo ficava na euforia de vê-lo.
Margarida sofria de uma mal de coração, assim queria confessar-se com o Padre Vigário, mais este não estava na cidade, aonde acabam chamando Eugênio. Eugênio ao ver quem era, espantou-se. Por um lado fora tudo esclarecido e por outro Eugênio ficará muito nervoso, e após uma longa conversa ela pede para que ele volte no dia seguinte para confessa-la. Em sua próxima visita, Margarida sentia-se muito mais alegre e mais branda, e para ela, poderia morrer feliz agora que viste Eugênio, mas Eugênio não gostava daquela hipótese, ficaram conversando, aonde a felicidade sempre prevalecia.
No dia seguinte ele iria rezar sua primeira missa, estava muito nervoso. A Igreja lotada.
Um rapaz vem lhe comunicar que ele deveria rezar a uma moça eu falecera, deixando-o mais nervoso ainda. Após avistar quem era a finada soltou um grito rouco e sufocado, pois era Margarida.
O sacristão perguntou se havia algo lhe errado se deveria fazer a missa em outro dia ele disse que não que apenas dormirá mal a noite.
Ao entrar no altar todos esperando que começasse o a rezar o “intróito”, todos viram-lhe arrancar a roupa sacerdotal e joga-la com fúria no altar e sair correndo pela porta principal da Igreja. “Estava louco...louco furioso

Localização da obra; Geração Pertencente; Tendência seguida:


     A obra “O seminarista” fora escrita no ano de 1872;


    O livro pertence a segunda geração, cujo nome deu-se “mau-do-século”, pelo motivo que neste encontra-se o desejo de Margarida ao morrer ao saber que Eugênio havia se ordenado a Padre.
O subjetivismo também é possível se encontrar, ao ver os versos que Eugênio fazia para Margarida;

Trecho comprovante: “Poucos meses depois da morte de Umbelina, chegou aos ouvidos de Margarida a notícia, de que Eugênio havia tomado ordens. Dai em
diante a desgraçada moça não contou mais com a vida.”
*Subjetivismo: “Longe de teus lindos olhos,
Ó Margarida,
Passo a noite, passo o dia
Em cruel melancolia; 
Ai! triste vida!
Que importa estejas ausente 
Ó bem querida; 
O teu formoso semblante
Estou vendo a cada instante, 
Ó Margarida.
Enquanto o nosso gado vai pastando
A verde relva ao longo da ribeira, 
Vamos, Menalca, repousar um pouco
A sombra da paineira.
Ali tu ressoando a doce avena
A Clore cantarás que é tua vida;
E eu te escutando chorarei saudades 
Da minha Margarida.
Mas basta; a sombra desce dos outeiros,
E o sol se esconde atrás daquela ermida,
É tempo de ir buscar o manso gado 
Da minha Margarida.”

      
      






  No livro “O Seminarista” pode se observar que a tendência que mais prevalece na obra é o Romance regionalista ou rural. Essa tendência tem como características: valorização da cultura nacional, através da apresentação dos costumes, comportamentos e geografia de determinadas regiões do Brasil. Retrata também o cotidiano da vida nas fazendas do interior do Brasil.
Trecho comprovante: em praticamente toda a obra,porém o trecho que mais deixa claro,falando sobre os costumes da população do interior retratando seus costumes e uma de suas comemorações é o seguinte: “Mutirão! só esta palavra nos faz ressoar aos ouvidos os alegres rumores dos descantos e folguedos da roça, o estrépito dos sapateados da dança camponesa por entre a zoada dos adufes e violas, e nos transporta ao meio das rústicas e singelas cenas de prazer da vida do sertanejo...”
Um outro trecho que deixa explicito ainda mais a prevalência dessa tendência é o que o narrador narra o que é o mutirão mostrando que é uma comemoração típica do interior mais especificamente de quer vive no campo no seguinte trecho: “... É o mutirão um costume dos pequenos lavradores, ou da gente pobre dos campos, que vivem como agregados dos grandes fazendeiros e que não possuindo terra, e menos ainda braços para cultivá-la, nem por isso deixam de plantar boas roças, ou de exercer sua pequena indústria, de que tiram a subsistência...”


Personagens (protagonistas e antagonistas) e Espaços principais; Tempo em que os fatos são narrados; Clímax da história:

Personagens:

EUGÊNIO: É o protagonista, o seminarista, a que o título se refere. “O rapaz era alvo, de cabelos castanhos, de olhar meigo e plácido e em sua fisionomia como em todo o seu ser transluziam indícios de uma índole pacata, doce e branda. Além disso, mostrava grande pendor para as coisas religiosas;

MARGARIDA: Afilhada dos pais de Eugênio, “era morena, de olhos grandes, negros e cheios de vivacidade, de corpo esbelto e flexível como o pendão da imbaúba”; “por sua graça e gentileza, extrema docilidade e precoce vivacidade, era mui querida de todos;

CAPITÃO FRANCISCO ANTUNES: Pai de Eugênio, “fazendeiro de medianas posses. Trabalhador, bom e extremoso pai de família, liso e sincero em seus negócios, partidista firme e cidadão sempre pronto para os ônus públicos”. Revela-se um homem capaz de mentir e enganar o próprio filho, para defender o status e os interesses familiares.

Sra. ANTUNES: Mulher boa e carinhosa,era a mãe de Eugênio. Muito religiosa, “tinha o espírito propenso a acreditar em superstições e agouros.”

D. UMBELINA: Mãe de Margarida, “era uma matrona gorda e corada, de rosto sempre afável e prazenteiro [...] e fora casada com um alferes de cavalaria.”

PADRE-MESTRE: É o responsável direto pela formação de Eugênio no seminário. Alia-se ao pai do rapaz e, além de pedir por ela, sustenta a mentira que engana o jovem até o capítulo XXII.

LUCIANO: rapaz apaixonado por Margarida e rejeitado por ela. Discute com Eugênio no mutirão. “Um moço que teria a rigor os seus vinte e cinco anos, de bonita e agradável presença, tropeiro bem principiado, que já tinha alguns lotes de burros no caminho do  Rio, e que além de tudo se tinha em grande conta de bonito, de rico e de bem nascido, pelo que não deixava de ser sumamente ridículo, quando não era insolente.”


-→ Espaços:

Terras do Sr. Antunes: Local aonde Eugênio mora com seus pais, e lá também encontrava-se as casas dos agregados destes → “Junto à ponte, de um lado e outro do caminho, viam-se duas corpulentas paineiras, cujos galhos, entrelaçando-se no ar, formavam uma arcada de verdura, à entrada do campo onde pastava o gado.”
Seminário: Encontrava-se em Congonhas do Campo → “um grande edifício
de sobrado, cuja frente se atravessa a pouca distância por detrás da igreja, tendo nos fundos mais um extenso lance, um pátio e uma vasta quinta. Das janelas do edifício se descortina o arraial, e a vista se derrama por um não muito largo, porém formoso horizonte.
Colinas bastantemente acidentadas, cobertas de sempre verdes pastagens e marchetadas aqui e acolá de alguns capões verdes escuros formam o aspecto geral do país. Por entre elas estendem-se profundos vales, e deslizam torrentes de águas puras e frescas à sombra de moitas de verdura e bosquetes matizados de uma infinidade de lindas flores silvestres.”
Quarto de Margarida: Neste local ocorre o desfecho da história → “No quarto da enferma, apesar da sua pobre simplicidade, reinava uma ordem e asseio, que contrastava com o aspecto miserável do resto da casa. O leito bem composto era guarnecido de um transparente cortinado cor-de-rosa, e em frente dele sobre uma pequena mesa de jacarandá de pés torneados, via-se um lindo oratório dourado, diante do qual ardia uma vela de cera entre duas jarras cheias de viçosas e fragrantes flores. Parecia mais uma gruta mística e perfumada, um voluptuoso ninho de amor, do que o quarto de uma moribunda.”

Climax: O conflito final, entre Eugênio e Margarida, apresenta o clímax da narrativa, que termina com a morte dela e a loucura dele.

Relacionando o contexto histórico com a intenção do autor juntamente com o tempo em que os fatos são narrados:

→ Em 1871 (século XIX), o bispo do Rio de Janeiro suspendeu o padre Almeida Martins das ordens eclesiásticas por este ser maçon, fazendo-o abandonar a maçonaria. Este fato provocou uma reação dos jornais contra os bispos, numa campanha de difamação e crítica que ficou conhecida como a Questão Religiosa. Como na época tudo que se referisse a igreja provocasse interesse e polêmica, e bem provável, dizem que os pesquisadores, que Bernardo aproveitou-se do momento para lançar, em 1872, seu romance.
Apesar de Bernardo ser classificado pelo conjunto de sua obra, como escritor romântico, com o Seminarista, não obedece a linha ideológica do romance romântico.
  Em O seminarista, Bernardo Guimarães faz uma crítica ao celibato religioso de uma sociedade apegada aos dogmas cristãos e ao comportamento familiar típico de uma sociedade patriarcal. O autor censura tanto o autoritarismo e a hipocrisia dos pais, quanto dos padres. Há também uma forte crítica à educação típica dos seminários, que mais embrutecia os jovens do que formava homens sociais.
Bernardo Guimarães enriquece sua obra com a menção de crendices e comportamentos populares e de cunho folclórico, como a arte de enfeitiçar cobras, a mula sem cabeça e os mutirões.