quinta-feira, 26 de abril de 2012

Compêndio sobre as 3 fases modernistas!


Compêndio de Literatura Moderna








“Como poucos, eu conheci as lutas e as tempestades. Como poucos, eu amei a palavra liberdade e por ela briguei.”
                                                       (Oswald de Andrade)





                                        

Compêndio de Literatura Moderna realizado sob supervisão da professora de Língua Portuguesa e Literatura, Dora Carolina da Silva Luca, pelo aluno: Kaio Vecchio de Paula Nº15, do 3° Ano do Ensino Medio, da Escola SESI de Mococa Pedro Sukadolnik.



















Mococa, 23 de abril de 2012
Sumário

1. Modernismo Português 3
1.1 Situação sócio-política de Portugal.................................................................................... 3
1.2 Orfismo e Presencismo..................................................................................................... 5
1.3 Principais características literárias...................................................................................... 5
1.4 Principais autores................................................................................................................5
2. Modernismo no Brasil 6
2.1 Situação sócio-política do Brasil 6
3. Primeiro momento modernista no Brasil 8
    3.1 Características literárias.......................................................................................................8
    3.2 Principais autores................................................................................................................8
4. Segundo momento modernista no Brasil................................................................................9
     4.1 Para entender a poesia.......................................................................................................9
     4.2 Características literárias......................................................................................................9
     4.3 Principais autores................................................................................................................9
5. Terceiro e último momento modernista no Brasil.................................................................12
     5.1 Para entender a geração...................................................................................................12
     5.2 Características literárias....................................................................................................12
     5.3 Principais autores..............................................................................................................13
6. Bibliografia..............................................................................................................................14









1.  Modernismo Português
1.1.        Situação sócio-política de Portugal (1915-1928)
No cenário mundial, ocorria a Primeira Guerra Mundial, cientificamente chamada de Guerra Imperialista. Esta se desencadeou, devido ao assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, por estudante da Sérvia. Deste modo, a Áustria manda um ultimato a Sérvia, querendo resposta dentro de 48 horas, mas as condições exigidas eram humilhantes, sendo assim a Áustria que era aliada da Alemanha declarou guerra a Sérvia que por sua vez era aliada da Rússia que era aliada França e Inglaterra. Mas tudo isso serviu como pretexto para desencadear a tal guerra, pois a muito tempo as superpotências viam se enfrentando em uma corrida armamentista.
Na verdade a Rússia entrou nessa guerra sob interesses pessoais, que eram expandir seu Império e diminuir a insatisfação popular. Mas com seus soldados mal-armados e mal-alimentados foram dizimados  em derrotas sucessivas, agravando a situação política e econômica do país. Em 1915 o Czar Nicolau II, assumo o exército e deixa o governo nas mãos de sua esposa. Em 1917 começam a surgir manifestações contra o governo do Czar, juntamente com as milícias, fazendo com que ele abdicasse o trono, aonde George Lvov, assume o Império Russo. Lvov continua com o mesmo governo de Nicolau II mas, criando uma ofensiva contra a Áustria-Hungria na qual fracassa, aonde começam a surgir grupos revolucionários que se intensificam no poder de Alexander Kerenski, sendo os 3 principais: Partido Democrático Nacional, Mencheviques e os Bolcheviques, sendo este último o que mais se destaca, pois tinham maior números de adeptos a eles e pela maioria serem operários (pois a política dos bolcheviques eram: o confisco das grandes propriedades e o controle da indústrias e dos principais sovietes). Sovietes da Rússia reuniram-se em congresso e confirmaram o triunfo da revolução, confiando o poder a um Conselho de Comissário do Povo, presidido por Lenin. Este grupo revolucionário retirou a Rússia da guerra e criou o Exército Vermelho (com finalidade de defender o socialismo contra inimigos internos e externos).
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Logo depois, os bolcheviques adotaram o sistema de partido único: Partido Comunista.
Mesmo com a saída da Rússia da guerra, perdurou três anos de guerra civil, interna. Leon Trotski (principal líder dos bolcheviques) foi fundamental nesse período, pois foi ele que irrompeu a guerra civil, sendo assim, o Exército Vermelho fica sob sua responsabilidade e, em meios a todos os problemas enfrentados pela Rússia ele consegue formar um exército forte e eficiente.
Em 1921, sob a direção de Lenin, os bolcheviques fizeram um plano conhecido como a Nova Política Econômica (NEP), aonde deram início á recuperação da economia russa, aonde procuraram concentrar os investimentos nos setores mais importantes da economia.
Em 1922 vários Estados que tinham se separado da Rússia, voltaram a se integrar a ela formando assim a URSS.
Com a morte de Lenin, em 1924, Stalin e Trotski passaram a disputar o poder. Stalin defendia a ideia de que a União Soviética deveria construir o socialismo em seu país e só depois tentar levá-lo a outros países; Trotski achava que a Revolução Socialista deveria ocorrer em todo mundo, pois enquanto houvesse países capitalistas, o socialismo não teria condições de sobreviver isolado.
Stalin vence a disputa. Trotski foi expulso da URSS. A União Soviética ingressou, então, na fase do planejamento econômico. Foi e época dos planos qüinqüenais, inaugurada em 1928. Os planos se sucederam a transformaram numa potência industrial.
Enquanto tudo isso ocorria no cenário mundial, em Portugal, vivenciava-se o período inicial da República, proclamada em 1910, nesse período surgem dois grupos, os que eram a favor da República (Partido Democrático)  e os inconformados, que fundam o Integralismo Português, aonde estes fazem com que haja reações políticas, causando mais tarde (1928) a ditadura no país, causando várias discussões, aonde, em muitos, fortalecem o espírito nacionalista.
Quando os Integralistas estão no poder, querem desenvolver um política que se tem rigor com os gastos, aonde convidam o professor de Finanças da Universidade de Coimbra, Antônio de Oliveira Salazar; Ele assume o poder em
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1928, dando início a uma ditadura, que tem seu término somente em 1974 com a Revolução dos Cravos.   
1.2  Orfismo e Presencismo
Orfismo e Presencismo eram duas fases do movimento modernista português. Na verdade, eram duas revistas literárias que informavam, divulgavam o que se produzia em literatura naquela época.
Lançada em 1915 a revista Orpheu (orfismo) decreta o fim dos valores artísticos do século XIX; Assim, a partir do século XX o modernismo ganha espaço em Portugal. Típico de Lisboa, eles queriam escandalizar o burguês e, iam contra o academismo e as ideias dos períodos anteriores. Embora tenham chocado a sociedade, não conseguem um grande público.
A revista Presença (presencismo) é lançada em 1919, aonde inaugura um período de ceticismo em relação aos ideais republicanos. Queriam dar continuidade aos objetivos da revista Orpheu mas, sem os radicalismo que marcaram essa publicação e chocaram a burguesia. Também está presente nessa revista uma inclinação ao psicologismo e uma reflexão filosófica, pois eram características um dos fundadores/escritores da revista, José Régio.
1.3 Principais características literárias
- Crise de valores e necessidade de provocação: Obra estranha e alienada, evidenciando uma crise de valores; não aceitavam regras; poesia chocante e rompimento com o passado.
- Reconciliação de opostos: Unir opostos tentando conciliá-los (principal intenção era unir os “contrários da vida”)
            1.4Principais autores
-Fernando Pessoa: Nasce em Lisboa, no ano de 1888. Dirige o segundo número da revista Orpheu, que define as características do movimento.
Pessoa reúne em sua produção características de marcantes nomes das letras de seu país, em especial Camões, dele tira a inspiração do projeto de valorizar

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a cultura do país. Deu voz ás grandes inquietações, aos medos e aos sentimentos mais obscuros do homem no início do século XX e sua nova organização social.
Fernando Pessoa multiplica-se, ou seja, cria heterônimos, cada um tendo uma identidade diferente, aonde consegue ver e sentir o que os outros sentem. Seus heterônimos mais conhecidos são: Álvaro de Campos (representado por um homem em desespero), Ricardo Reis (valorização dos ideais greco-latinos) e Alberto Caeiro (homem que se recusa a racionalizar).
-Mario de Sá-Carneiro: Também nasceu em Lisboa, no ano de 1890. Em 1914 entra em contato com Fernando Pessoa outros artistas importantes, fundando a revista Orpheu.
O poeta apresenta-se em suas obra um caráter depressivo, derrotado, sem existência material, pois vivia em total solidão. Tanto que suicida-se aos 25 anos.
-Florbela Espanca: Nasceu em 1894. A partir de suas obras ela foi acusada de imoral e discriminada pela sociedade burguesa, pois suas poesias tinha um caráter erótico, sentimentos de paixão incontrolável, etc.
2. Modernismo no Brasil
2.1 Situação sócio-política do Brasil (1920-1950)
Dentro do cenário mundial, devido ao cansaço e o descrédito em cima dos países mais ativos da guerra, as pessoas começam a buscas na Ásia e África (continentes ainda não contaminados pela cultura ocidental dominante), outros olhares sobre o mundo.
Em 1922 a Rússia torna-se URSS e, em 1928 uma potência industrial.
Outro fato que abalou o mundo foi a crise de 1929. Os EUA, foram os principais fornecedores dos países europeus, exportando grandes quantidades de produtos industrializados, alimentos e capitais (sob a forma de empréstimos). No pós-guerra, os Estados Unidos, tornaram-se a maior potência econômica do mundo. Por quase toda a década de 20, a prosperidade econômica gerou nos  norte-americanos um clima de grande euforia e de consumo desenfreado, gerando o modo de vida americano, como modelo de progresso.
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Porém, no final da década de 20, a produção norte-americana atingiu um ritmo de crescimento muito maior do que a demanda por seus produtos, gerando uma crise de superprodução.
Em 1929, os Estados Unidos conheceram uma profunda crise econômica, com a queda da Bolsa de Valores de Nova York. Com isso, afetou o mundo pois empresas depositavam suas ações na Bolsa de Valores e como houve tal crise, as empresas perderam tudo.
Essa crise afetou o Brasil, pois os Estados Unidos eram os seus principais compradores de café, assim a maioria das sacas de café foram perdidas.
Com isso uma série de medidas sócio-econômicas aconteceram para recuperar a economia norte-americana. A Nov política econômica ficou conhecida com “New Deal”, aonde o Estado passou a intervir fortemente na economia, aonde a solução foi abandonar o liberalismo econômico e começar uma nova fase do capitalismo, conhecida como capitalismo monopolista de Estado.
Com essa e outras medidas, a economia começou a recuperar-se. No entanto, somente a Segunda Guerra criaria condições para um novo impulso econômico dos Estados Unidos, pois a produção de armamentos aumentou o número de empregados e possibilitou grandes lucros ás empresas.
No Brasil ocorria República Velha, com a política do café-com-leite.
Quando o sistema econômico do Brasil passa a ser industrial o governo esta nas mãos de Getúlio Vargas (Governo provisório), este fica conhecido como o “pai dos pobres” pois ele promulga as leis trabalhistas, férias e descanso semanal remunerado dentro das indústrias. Em seu Governo Constitucional á eleições diretas e, a mulher começa a votar. A partir daí, começam a surgir as diferenças salariais e a desigualdade.
Através do Plano Cohen, Vargas aplica o Estado Novo e implanta a ditadura no Brasil, na qual fica em plenos poderes.
Com tudo isso, um grupo revolucionário (liderado por Júlio Prestes) fazem a Intentona Comunista contra o governo de Vargas e, como o Comunismo queria igualdade a todos, o presidente não aceitava tal política, pois assim haveria diminuição de poder.

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3. Primeiro momento modernista no Brasil
          3.1 Características literárias
-Valorização do Brasil: Queriam valorizar aquilo que era brasileiro (nacionalismo), mais diferenciavam dos românticos no seguinte aspecto: os românticos eram, também, nacionalistas, mas prezavam em descrever o local/a paisagem, já os modernistas desta fase descreviam as especificidades da língua, as características das pessoas, o hábito, etc.
-Liberdade (linguística): Não seguiam regras de como escrever sua obra assim como os parnasianos, ou seja, não preocupavam-se com a forma.
-Ruptura com o passado: Seria a ruptura com a estética parnasiana.
          3.2 Principais autores
-Oswald de Andrade: Nasceu em 1890, em uma família rica. Ele foi uma das figuras mais importantes do modernismo e, como sempre viajava para Europa, entrava em contato com a arte de lá.
Oswald é considerado o melhor, quando se fala na representatividade do conflito da burguesia vivida em sua época.
Era combativo e polêmico. Em suas obras podiam-se observar a ironia, o humor, o deboche, etc.
-Mário de Andrade: Nasceu em 1893 em São Paula e desde já, entrou em contato com uma vida inteiramente urbana.
Pelo fato de ter estudado música, seus poemas apresentam um proximidade com ela, tanto é que dizia que há duas maneiras de se fazer uma obra, são elas: melódica e harmônica.
Tudo pra ele era poesia e, interessados pelos costumes brasileiros, excursiona todo o Brasil, para colocar em sua obra.
-Manuel Bandeira:Nasceu  em 1886 no Recife. Aos 18 anos descobre  que tem tuberculose, assim parte para o Rio de Janeiro em busca de condições climáticas melhores. Devido a doença, vai até a Europa aonde entra em

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contato com o Simbolismo e as Vanguardas. Quando retorna para o Rio de Janeiro entra em contato com outros poetas, assim passa a ser modernista.
Usa uma linguagem coloquial e há uma grande diversidade de temas. E é possível encontrar o humor e a ironia em suas obras.
4.Segundo momento modernista no Brasil
         4.1 Para entender a poesia
A segunda geração modernista ficou marcada pelo amadurecimento literário em relação á estética desenvolvida a partir da semana da arte moderna. Em suas poesias é possível observar o clima de guerra, da vida, da morte, da sensação de estar no mundo, ou seja, é marcada por fatos históricos que ocorriam ao redor dos autores.
Na década de 1930, os movimentos sociais sobrepunham-se aos literários e pensava-se na possibilidade de fazer uma revolução. Os principais escritores dessa época deram continuidade a luta da liberdade estética, mas não da mesma forma de Oswald, pois não havia mais “brincadeiras”.
          4.2 Características literárias
-Aprofundamento das conquistas da geração de 1922: Rompimento com uma estrutura acadêmica e estética mais madura.
-Conquista de novas temáticas: Utilizavam de temas que ocorriam ao seu redor (guerras, o estilo da sociedade, revoluções, etc).
-Sentimento de estar no mundo: Mais forte sentimento dessa geração é o de viver, de estar no mundo, ou seja, momentos de reflexão.
         4.3 Principais autores
-Carlos Drummond de Andrade: Nasceu em 1902 em Minas Gerais. Ficou conhecido pela riqueza de seu estilo pessoal, por suas temáticas e pela expressão dos seus sentimentos diante do mundo que o cercava. Dizia que sua força era a palavra e que, através dela comunicava-se com o mundo.

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Em relação á forma, Drummond também primou a liberdade: tanto podia produzir um verso livre como elaborar um soneto.
Em seus versos, Drummond canta sua história pessoal. Muitas vezes, Drummond mostra-se tímido, irônico, complicado. Cansado da vida interiorana, mas temeroso do progresso da metrópole. Também mostra sua visão do Estado que vivia e do país, retratando as igrejas, cidadezinhas, etc. Para ele, o mundo se mostrava como um nada, um conjunto de erros (puro pessimismo) assim, através das palavras ele recria um mundo que gostaria de ter.
-Cecília Meireles: Nasceu em 1901 no Rio de Janeiro. No início do modernismo Cecília publica dois livros, mais tem seu amadurecimento estético somente em 1939 com o livro “Viagem”. O que marca sua produção  é a consciência da transitoriedade da vida. Em uma entrevista, Cecília diz “A vida é passageira e  que o  importante são os momentos e as impressões que temos desses instantes”. Produz poemas descritivos que mais parecem retratos e também a fusão entre a natureza contemplada e o eu-lírico.
-Jorge de Lima: Nasceu em 1895 em Alagoas. Seus poemas são divididos sobretudo em duas preocupações: a religiosa e a social. Busca retratar os costumes do Nordeste, assim como os prosadores desta fase. Portanto, seu objetivo maior é restaurar a poesia de Cristo.
-Murilo Mendes: Nasceu em 1901 em Minas Gerais. Primeiramente converteu-se ao catolicismo e logo depois tornou-se professor de literatura. Por causa  de sua religiosidade, sua obra caracteriza-se fundamentalmente pelo misticismo.
-Vinicius de Moraes: Nasceu em 1913 no Rio de Janeiro. Primeiramente seus textos exprimem caráter religioso, mas não firmando a esse tema, pois Vinicius preferiu trabalhar a figura da mulher amada em seus poemas e composições musicas e, como tinha uma formação religiosa, em certos poemas notamos que ele oscila entre o desejo e as angústias do pecado.
Em seus poemas, trabalham-se ainda outros temas: a infância, os amigos, a pátria.
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-Graciliano Ramos: Nasceu em 1892 em Alagoas. Assim como tantos outros, foi vítima dos mandos e desmandos ditatoriais que assolaram o país naquela época. Assim, por meio de seu romance “Vidas Secas”, esse nobre autor descreveu de forma magistral sua indignação diante da condição de miséria em que viviam os retirantes nordestinos. Dessa forma, quando analisamos o nome que dera aos personagens da obra em questão (Sinhá Vitória, sua mulher, a cachorra Baleia, o filho mais novo e o mais velho), constatamos que ele, de forma irreverente e irônica, denunciou todo o contexto natural e social ao mesmo tempo.
-Jorge Amado: Nasceu em 1912 na Bahia. É representante da segunda fase do Modernismo no Brasil, voltada aos romances regionalistas. No entanto, a obra de Jorge Amado é dividida pelos críticos literários em: 1. romances da Bahia ou proletários que retratam a vida na cidade de Salvador, como é o caso de Suor, O país do Carnaval e Capitães da areia. 2. romances ligados ao ciclo do cacau, que correspondem aos livros Cacau e Terras do sem fim. 3. crônicas de costumes, começadas com Jubiabá e Mar Morto e estendendo-se por Gabriela, cravo e canela. 
-Rachel de Queirós:Nasceu em 1910 em Fortaleza. Inserida no Modernismo, a prosa regionalista de Rachel de Queiroz retrata, numa linguagem enxuta e viva, o Nordeste, mais precisamente o Ceará. A autora consegue aliar a preocupação social (flagelo da seca e coronelismo) à preocupação com os traços psicológicos das personagens. 
-Érico Veríssimo: Nasceu em 1905 no Rio Grande do Sul. Costuma-se dividir a obra de Érico Veríssimo em três grupos:
1) Romance urbano: Clarissa, Caminhos cruzados, Um lugar ao sol, Olhai os lírios do campo, Saga e o Resto é silêncio. As obras desta fase registram a vida da pequena burguesia porto-alegrense, com uma visão otimista, às vezes lírica, às vezes crítica, e com uma linguagem tradicional, sem maiores inovações estilísticas.


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Desta fase destaca-se Caminhos cruzados, considerado um marco na evolução do romance brasileiro. Nele, Érico Veríssimo usa a técnica do contraponto, desenvolvida por Aldous Huxley (de quem fora tradutor) e que consiste mesclar pontos de vista diferentes (do escritor e das personagens) com a representação fragmentária das situações vividas pelas personagens, sem que haja no texto um centro catalisador.
2) Romance histórico: O tempo e o vento. A trilogia de Érico Veríssimo procura abranger duzentos anos da história do Rio Grande do Sul, de 1745 a 1945. O primeiro volume (O continente), narra a conquista de São Pedro pelos primeiros colonos e é considerado o ponto mais alto de sua obra.
3) Romance político: O senhor embaixador, O prisioneiro e Incidente em Antares. Escrito durante o período da ditadura militar, iniciada em 1964, denunciam os males do autoritarismo e as violações dos direitos humanos. Desta série destaca-se Incidente em Antares.
5. Terceiro e último momento modernista no Brasil
            5.1 Para entender a geração
A produção literária de 1945 inicia-se com a publicação de alguns poemas. Trata-se de um período marcado pelo fim de uma guerra mundial e pela renovação do movimento modernista.
Os textos lidos nessa geração dão uma ideia de renovação, de espírito inteligente, mas, sobretudo, de preocupação com os problemas humanos.
Ficou marcada pelo desejo de conciliar modernidade e tradição. Proclamava a arte livre, o amor pelos ideais e a necessidade de sentir e criar.
            5.2 Características literárias
-Exatidão na forma e na palavra sugestiva: Há uma maior disciplina formal, o cultivo das formas tradicionais e maior cuidado com a escolha da palavra que daria ritmo á frase ou ao verso.
-Interesse por explorações: Aqui, o artista é conhecido como explorador, pois tem preocupação formal do texto, pesquisando/buscando espaços desconhecidos, diferentes linguagens, etc.
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            5.3 Principais autores
-João Cabral de Melo Neto: Nasceu em 1920 no Recife e era autodidata. Em sua poesia, a característica principal é a tentativa de eliminar os resíduos sentimentalistas. Seus textos marcam o espaço do homem moderno e expressam as sensações despertadas por ele. Para ele, a riqueza do poeta está na realidade, deste modo, em seus textos há mistura do poético e a instigação social.
-Guimarães Rosa: Nasceu em 1908 em Minas Gerais. Marcou a literatura brasileira (sobretudo os contos) com sua linguagem rica e pitoresca.
Em sua primeira obra, “Sagarana”, é possível identificar a característica fundamental que era retratar a cultura do seu povo e ao mesmo tempo tratar de questões universais.
Situadas sempre no espaço de sertão, suas histórias registram a fala regional, principalmente expressões e construções linguísticas locais.
-Clarice Lispector: Nasceu em 1920 na Ucrânia. Veio ao Recife ainda bebê e mais tarde para o Rio de Janeiro. A prosa de Clarice tem como, uma das  características fundamentais, um cotidiano banal. Outras características, encaminha o leitor para um questionamento de caráter existencial, ou seja, faz o leitor a um reflexão e, uma obra epifania, ou seja, a descoberta, a surpresa que nasce da situação mais banal.







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6. Bibliografia
·         Campos, Elizabeth;Cardoso, Paula M.; Andrade, Silvia L. Viva Português, Volume único-Ensino Médio. Editora Ática, 2008.
·         www.brasilescola.com.br
·         www.colegioweb.com.br
·         www.mundovestibular.com.br

















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quarta-feira, 23 de março de 2011

Análise da obra: "O Uraguai" de Basílio da Gama e "Caramuru" de Frei de Santa Rita Durão

O Uraguai, de Basílio da Gama

Análise da obra

O Uraguai, poema épico de 1769, critica drasticamente os jesuítas, antigos mestres do autor Basílio da Gama. Ele alega que os jesuítas apenas defendiam os direitos dos índios para ser eles mesmos seus senhores. O enredo situa-se todo em torno dos eventos expedicionários e de um caso de amor e morte no reduto missioneiro.

Tema central: Pelo Tratado de Madri, celebrado entre os reis de Portugal e de Espanha, as terras ocupadas pelos jesuítas, no Uruguai, deveriam passar da Espanha a Portugal. Os portugueses ficariam com Sete Povos das Missões e os espanhóis, com a Colônia do Sacramento. Sete Povos das Missões era habitada por índios e dirigida por jesuítas, que organizaram a resistência à pretensão dos portugueses. O poema narra o que foi a luta pela posse da terra, travada em princípios de 1757, exaltando os feitos do General Gomes Freire de Andrade. Basílio da Gama dedica o poema ao irmão do Marquês de Pombal e combate os jesuítas abertamente.

Personagens

General Gomes Freire de Andrade (chefe das tropas portuguesas); Catâneo (chefe das tropas espanholas); Cacambo (chefe indígena); Cepé (guerreiro índio); Balda (jesuíta administrador de Sete Povos das Missões); Caitutu (guerreiro indígena; irmão de Lindóia); Lindóia (esposa de Cacambo); Tanajura (indígena feiticeira).

Resumo da narrativa

A pobreza temática impele Basílio da Gama a substituir o modelo camoniano de dez cantos por um poema épico de apenas cinco cantos, constituídos por versos brancos, ou seja, versos sem rimas.

Canto I: Saudação ao General Gomes Freire de Andrade. Chegada de Catâneo. Desfile das tropas. Andrade explica as razões da guerra. A primeira entrada dos portugueses enquanto esperam reforço espanhol. O poeta apresenta já o campo de batalha coberto de destroços e de cadáveres, principalmente de indígenas, e, voltando no tempo, apresenta um desfile do exército luso-espanhol, comandado por Gomes Freire de Andrade.

Canto II: Partida do exército luso-castelhano. Soltura dos índios prisioneiros. É relatado o encontro entre os caciques Cepê e Cacambo e o comandante português, Gomes Freire de Andrade, à margem do rio Uruguai. O acordo  é impossível porque os jesuítas portugueses se negavam a aceitar a nacionalidade espanhola. Ocorre então o combate entre os índios e as tropas luso-espanholas. Os índios lutam valentemente, mas são vencidos pelas armas de fogo dos europeus. Cepé morre em combate. Cacambo comanda a retirada.

Canto III: O General acampa às margens de um rio. Do outro lado, Cacambo descansa e sonha com o espírito de Cepê. Este incita-o a incendiar o acampamento inimigo. Cacambo atravessa o rio e provoca o incêndio. Depois, regressa para a sede. Surge Lindóia. A mando de Balda, prendem Cacambo e matam-no envenenado. Balda é o vilão da história, que deseja tornar seu filho Baldeta, cacique, em lugar de Cacambo. Observa-se aqui uma forte crítica aos jesuítas. Tanajura propicia visões a Lindóia: a índia “vê” o terremoto de Lisboa, a reconstituição da cidade pelo Marquês de Pombal e a expulsão dos jesuítas.  

Canto IV: Maquinações de Balda. Pretende entregar Lindóia e o comando dos indígenas a Baldeta, seu filho. O episódio mais importante: a morte de Lindóia. Ela, para não se entregar a outro homem, deixa-se picar por uma serpente. Os padres e os índios fogem da sede, não sem antes atear fogo em tudo. O exército entra no templo. O poema apresenta então um trecho lírico de rara beleza:  

"Inda conserva o pálido semblante 

Um não sei que de magoado e triste 

Que os corações mais duros enternece, 

Tanto era bela  no seu rosto a morte!"

Com a chegada das tropas de Gomes Freire, os índios se retiram após queimarem a aldeia.

Canto V: Descrição do Templo. Perseguição aos índios. Prisão de Balda. O poeta dá por encerrada a tarefa e despede-se. Expressa suas opiniões a respeito dos jesuítas, colocando-os como responsáveis pelo massacre dos índios pelas tropas luso-espanholas. Eram opiniões que agradavam ao Marquês de Pombal, o todo-poderoso ministro de D. José I. Nesse mesmo canto ainda aparece a homenagem ao general Gomes Freire de Andrade que respeita e protege os índios sobreviventes.

Apreciação crítica

O poema é escrito em decassílabos brancos, sem divisão em estrofes, mas é possível perceber a sua divisão em partes: proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo. Abandona a linguagem mitológica, mas ainda adota o maravilhoso, apoiado na mitologia indígena. Foge, assim, ao esquema tradicional, sugerido pelo modelo imposto em língua portuguesa, Os Lusíadas. Por todo o texto, perpassa o propósito de crítica aos jesuítas, que domina a elaboração do poema.

A oposição entre rusticidade e civilização, que anima o Arcadismo, não poderia deixar de favorecer, no Brasil, o advento do índio como tema literário. Assim, apesar da intenção ostensiva de fazer um panfleto anti-jesuítico para obter as graças de Pombal, a análise revela, todavia, que também outros intuitos animavam o poeta, notadamente descrever o conflito entre a ordenação racional da Europa e o primitivismo do índio.

Variedade, fluidez, colorido, movimento, sínteses admiráveis caracterizam os decassílabos do poema, não obstante equilibrados e serenos. Ele será o modelo do decassílabo solto dos românticos.

Além dessas, outras características notáveis do poema são:

Sensibilidade plástica: apreende o mundo sensível com verdadeiro prazer dos sentidos. Recria o cenário natural sem que a notação do detalhe prejudique a ordem serena da descrição.

Senso da situação: o poema deixa de ser a celebração de um herói para tomar-se o estudo de uma situação: o drama do choque de culturas.

Simpatia pelo índio, que, abordado inicialmente por exigência do assunto, acaba superando no seu espírito o guerreiro português, que era preciso exaltar, e o jesuíta, que era preciso desmoralizar. Como filho da “simples natureza”, ele aparece não só por ser o elemento esteticamente mais sugestivo, mas por ser uma concessão ao maravilhoso da poesia épica.

Devido ao tema do índio, durante todo o Romantismo, o nome de Basílio da Gama foi talvez o mais freqüente, quando se tratava de apontar precursores da literatura nacional. Convém, entretanto, distinguir neste poeta o nativismo do interesse exterior pelo exótico, havendo mesmo predomínio deste, pois o indianismo não foi para ele uma vivência, foi antes um tema arcádico transposto em linguagem pitoresca.

O preto africano lhe feriu a sensibilidade também, tendo sido o primeiro a celebrá-lo no poemeto Quitúbia, mostrando que a virtude é de todos os lugares.

Basílio foi poeta revolucionário com seu poema épico. Enquanto Cláudio trazia ao Brasil a disciplina clássica, Basilio, sem transgredi-la muito, mas movendo-se nela com maior liberdade estética e intelectual, levava à Europa o testemunho do Novo Mundo.

Caramuru, de Frei de Santa Rita Durão

Análise da obra

O poema Caramuru narra o descobrimento da Bahia, o naufrágio de Diogo Álvares Correia e seus amores com as índias, sobretudo com Paraguaçu. O material é amplo: tem desde fatos da história do Brasil, o temperamento indígena, até lendas. 

A narrativa é enriquecida com referência a fatos históricos desde o Descobrimento até a época do autor, dando-se grande relevo também à matéria descritiva e informativa. Caramuru é a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil.

Estilo

Santa Rita Durão penetra na vida do índio com intento analítico diferente do devaneio lírico dos contemporâneos. A fantasia a que se abandona é com efeito precedida pela descrição dos costumes, das técnicas, dos ritos, tão exata quanto possível no seu tempo.

Numa camada mais profunda que o nativismo e o indianismo, o que verdadeiramente anima a epopéia do frade mineiro é a sua visão do mundo, ou seja, a inspiração religiosa (religião como ideologia). Esta consiste em justificar e louvar a colonização como empresa religiosa desinteressada, trazendo a catequese para o primeiro plano e com ela cobrindo os aspectos materiais básicos. A visão laica e civil do Uraguai e dos poemas satíricos é aqui banida, fazendo do Caramuru o antagonista ideológico da melhor linha mental na literatura comum. 

Personagens

Diogo Álvares Correia - o Caramuru 

Paraguaçu - filha do cacique Taparica

Gupeva e Sergipe - chefes indígenas

Moema - índia amante de Diogo.

Enredo e estrutura da obra

Caramuru tem os elementos tradicionais do gênero épico: duros trabalhos de um herói, contato de gentes diversas, visão de uma seqüência histórica. 

É composto de dez cantos e, de acordo com o gênero, divide-se em cinco partes: proposição, invocação, dedicação, narração e epílogo, e segue o esquema camoniano, usando a oitava-rima, observando a divisão tradicional em proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo. Uso da linguagem mitológica e do maravilhoso pagão e cristão, rigorosamente nos moldes camonianos.

Canto I - Na primeira estrofe, o poeta introduz a terra a ser cantada e o herói - Filho do Trovão -, propondo narrar seus feitos (proposição). Na estrofe seguinte, pede a Deus que o auxilie na realização do intento (invocação), e da terceira à oitava estrofes, dedica o poema a D. José I, pedindo atenção para o Brasil, principalmente a seus habitantes primitivos, dignos e capazes de serem integrados à civilização cristã. Se isso for feito, prevê Portugal renascendo no Brasil.

Da nona estrofe em diante, tem-se a narração. A caminho do Brasil, o navio de Diogo Álvares Correia naufraga. Ele e mais sete companheiros conseguem se salvar. Na praia, são acolhidos pelos nativos que ficam temerosos e desconfiados. Os náufragos, por sua vez, também temem aquelas criaturas antropófagas, vermelhas que, sem pudor, andam nuas. Assim que um dos marinheiros morre, retalham-no e comem-lhe, cruas mesmo, todas as partes. 

Sem saber o futuro, os sete são presos em uma gruta, perto do mar, e, para que engordem, são bem alimentados. Notando que os índios nada sabem de armas, Diogo, durante os passeios na praia, retira, do barco destroçado, toda pólvora e munições, guardando-as na gruta. Desde então, como vagaroso enfermo, passa a se utilizar de uma espingarda como cajado.

Para entreter os amigos, Fernando, um dos náufragos, ao som da cítara, canta a lenda de uma estátua profética que, no ponto mais alto da ilha açoriana, aponta para o Brasil, indicando a futuros missionários o caminho a seguir.Um dia, excetuando-se Diogo, que ainda estava enfermo e fraco, os outros seis são encaminhados para os fossos em brasa. Todavia, quando iam matar os náufragos, a tribo do Tupinambá Gupeva é ferozmente atacada por Sergipe. Após sangrenta luta, muitos morrem ou fogem; outros se rendem ao vencedor que liberta os pobres homens que desaparecem, no meio da mata, sem deixar rastro.

Canto II - Enquanto a luta se desenvolve, Diogo, magro e enfermo para a gula dos canibais, veste a armadura e, munido de fuzil e pólvora, sai para ajudar os seis companheiros que serão comidos. Na fuga, muitos índios buscam esconderijo na gruta, inclusive Gupeva que, ao se deparar com o lusitano, saindo daquele jeito, cai prostrado, tremendo; os que o seguiam fazem o mesmo; todos acham que o demônio habita o fantasma-armadura. 

Álvares Correia, que já conhecia um pouco a língua dos índios, espera amansá-los com horror e arte. Levantando a viseira, convida Gupeva a tocar a armadura e o capacete. Observa, amigavelmente, que tudo aquilo o protege, afastando o inimigo, desde que não se coma carne humana. Ainda aterrorizado, o chefe indígena segue-o para dentro da gruta, onde Diogo acende a candeia, levando-o a crer que o náufrago tem poder nas mãos. 

Sob a luz, vê, sem interesse, tudo que o branco retirara da nau. Aqui, o poeta, louva a ausência de cobiça dessa gente. Entre os objetos guardados pelos náufragos, Gupeva encanta-se com a beleza da virgem em uma gravura.Tão bela assim não seria a esposa de Tupã? Ou a mãe de Tupã? Nesse momento, encantado pela intuição do bárbaro, Diogo o catequiza, ganhando-lhe, assim a dedicação. 

Saindo da gruta, o índio, agora manso e diferente, fala a seu povo Tupinambá, ao redor da gruta. Conta-lhes sobre o feito do emboaba, Diogo, e que Tupã o mandara para protegê-los. Para banquetear o amigo, saem para caçar. Durante o trajeto, Álvares Correia usa a espingarda, aterrorizando a todos que exclamam e gritam: Tupã Caramuru! Desde esse dia, o herói passa a ser o respeitado Caramuru - Filho do Trovão. Querendo terror e não culto, Diogo afirma-lhes que, como eles, é filho de Tupã e a este, também, se humilha. Mas que como filho do trovão, (dispara outro tiro) queimará aquele que negar obediência ao grande Gupeva.

Nas estrofes seguintes, o poeta descreve os costumes da selva. Caramuru instala-se na aldeia, onde imensas cabanas abrigam muitas famílias, que vivem em harmonia. Muitos índios querem vê-lo, tocá-lo. Outros, em sinal de hospitalidade, despem-no e colocam-no sobre a rede, deixando-o tranqüilo. Paraguaçu é uma índia, de pele branca e traços finos e suaves. Apesar de não amar Gupeva, está na tribo por ter-lhe sido prometida. Como sabe a língua portuguesa, Diogo quer vê-la. Após o encontro os dois estão apaixonados.

Canto III - À noite, Gupeva e Diogo conversam sob a tradução feita por Paraguaçu. O lusitano fica pasmo ao saber que, para o chefe da tribo, existe um princípio eterno; há alguém, Tupã, ser possante que rege o mundo; aquele que vence o nada, criando o universo. O espírito de Deus, de alguma maneira, comunica-se com essa gente. Gupeva eloqüente fala acerca da concepção dos selvagens sobre o tempo, o Céu, o Inferno. Abordam a lenda da pregação de S. Tomé em terras americanas. Concluindo a conversa, o cacique diz que estão para ser atacados pelos inimigos; Caramuru aconselha-o a ter calma. De repente, chegam os ferozes índios Caetés que, ao primeiro estrondo do mosquete, batem em retirada, correndo, caindo; achando, enfim, que o céu todo lhes cai em cima.

Canto IV
-
 O temido invasor noturno é o Caeté, Jararaca, que ama Paraguaçu perdidamente. Ao saber que ela esta destinada a Gupeva, declara guerra. Após o ataque estrondoso do Filho do Trovão, Jararaca convoca outras nações indígenas com as quais tinha aliança: Ovecates, Petiguares, Carijós, Agirapirangas, Itatis. Conta-lhes que Gupeva prostrou-se aos pés de um emboaba pelo pouco fogo que acendera, oferecendo-lhe até a própria noiva. O cacique alerta-os que se todos agirem assim, correm o risco de serem desterrados e escravizados em sua própria terra, enchendo de emboabas a Bahia. Apela para a coragem dos nativos, dizendo que apesar do raio do Caramuru ser verdadeiro, ele nada teme, porque não vem de Deus. Não há forças fabricadas que a eles destruam. A guerra tem início e Paraguaçu também luta heroicamente e, num momento de perigo, é salva pelo amado lusitano.

Canto V - Depois da batalha, os amantes discorrem sobre o mal que habita o ser humano e qual a razão de Deus para permiti-lo. Em seguida, em Itaparica, o herói faz com que todos os índios se submetam a ele, destruindo as canoas com as quais Jararaca pretendia liquidá-lo.

Canto VI - As filhas dos chefes indígenas são oferecidas ao destemido Diogo, para que este os honre com o seu parentesco. Como ama Paraguaçu, aceita o parentesco, mas declina as filhas. Na mata, o herói encontra uma gruta com tamanho e forma de igreja e percebe ali a possibilidade dos nativos aceitarem a Fé Cristã, e se dispõe a doutriná-los. Mais tarde, salva a tripulação de um navio espanhol naufragado e, saudoso da Europa, parte com Paraguaçu em um barco francês.

Quando a nau ganha o mar, várias índias, interessadas em Álvares Correia, lançam-se nas águas para acompanhá-lo. Moema, a mais bela de todas, consegue chegar perto do navio Agarrada ao leme, brada todo seu amor não correspondido ao esquivo e cruel Caramuru. Implora para que ele dispare sobre ela seu raio. Ao dizer isso, desmaia e é sorvida pela água. As outras, que a acompanhavam, retornam tristes à praia. Nas demais estrofes do canto, a história do descobrimento do Brasil é contada ao comandante do barco francês.

Canto VII - Na França, o casal é recebido na corte e Paraguaçu é batizada com o nome da rainha Catarina de Médicis, mulher de Henrique II, que lhe serve de madrinha. Diogo lhes descreve tudo o que sabe a respeito da flora e fauna brasileira. 

Canto VIII - Henrique II se predispõe a ajudar Diogo Álvares na tarefa de doutrinamento e assimilação dos índios, oferecendo-lhe tropa e recompensa. Fiel à monarquia portuguesa, o valente lusitano recusa tal proposta. Na viagem de volta ao Brasil, Catarina-Paraguaçu profetiza, prospectivamente, o futuro da nação. Descreve as terras da Bahia, suas povoações, igrejas, engenhos, fortalezas. Fala sobre seus governadores, a luta contra os franceses de Villegaignon, aliados aos Tamoios. Discorre sobre o ataque de Mem de Sá aos franceses no forte da enseada de Niterói e sobre a vitória de Estácio de Sá contra as mesmas forças.

Canto XIX - Prosseguindo em seu vaticínio, Catarina-Paraguaçu descreve a luta contra os holandeses que termina com a restauração de Pernambuco.

Canto X - A visão profética de Catarina-Paraguaçu acaba se transformando na da Virgem sobre a criação do universo. Ao chegar, o casal é recebido pela caravela de Carlos V que agradece a Diogo o socorro aos náufragos espanhóis. A história de Pereira Coutinho é narrada, enfatizando-se o apoio dos Tupinambás na dominação dos campos da Bahia e no povoamento do Recôncavo baiano. 

Na cerimônia realizada na Casa da Torre, o casal revestido na realeza da nação espanhola, transfere-a para D. João III, representado na pessoa do primeiro Governador Geral, Tomé de Souza. A penúltima estrofe canta a preservação da liberdade do índio e a responsabilidade do reino para com a divulgação da religião cristã entre eles. Na última (epílogo), Diogo e Catarina, por decreto real, recebem as honras da colônia lusitana.

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Vida de: José de Alencar (Vídeo)

Perído Literário : "Romantismo"

Definição para Romance e romance
A definição de Romance se trata de um estilo de época, uma escola literária, surgida no século XVIII e que no Brasil teve representantes como Jose de Alencar (prosa), Alvares de Azevedo (prosa e poesia), etc.
Já o romance é um gênero literário como, por exemplo, um tipo de texto.
Influências das Revoluções Industrias e Francesas para o surgimento do Romantismo
O romantismo esta ligado a dois acontecimentos: a revolução francesa e revolução industrial, responsáveis pela formação da sociedade burguesa. Depois da revolução francesa(1787-1789),seguiu-se uma época de rápidas e profundas mudanças no mundo europeu.
A revolução industrial gerou novos investimentos que buscavam solucionar os problemas técnicos decorrestes do aumento da produção.
Após a revolução francesa, o absolutismo entrou em crise, cedendo lugar ao liberalismo (doutrina fundamentada na crença da capacidade individual do homem).
Com isso, Almeida Garrett acaba por exilar-se na Inglaterra, onde entra em contato com a Obra de Lord Byron e Scott. Ao mesmo tempo, por estar presenciando o Romantismo inglês, envolve-se com o teatro de William Shakespeare.
Em 1825, Garrett publica a narrativa Camões, inspirando-se na epopéia Os Lusíadas. A narrativa deste autor, é uma biografia sentimental de Camões.
A burguesia preparou terreno para o Romantismo. Por que? Qual a relação entre a ideologia  Burguesa e a estética Romântica
O processo social e econômico da burguesia, portanto preparou o terreno para que surgisse um fenômeno cultural baseado na liberdade de criação e expressão e na supremacia do individuo, que não mais obedece a padrões preestabelecidos.
·        A relação entre a ideologia Burguesa e a estética romântica é que ambas usam os sentimentos para traduzir tudo aquilo o que realmente sentimos. Prezavam-se a liberdade, ou seja, sem regras e modelos para serem seguidos.


Componentes que resumem o processo criativo dos românticos
Foi um estilo rico, diversificado e muitas vezes contraditório, dependendo do escritor e do local em que se manifestou. Três componentes básicos resumem o processo criativo dos românticos: paixão, emoção e liberdade, todos relacionados a uma subjetividade tão forte como nunca se tinha se notado na arte ocidental.
Citação e explicação das características básicas dos textos românticos
Neste período a criação artística deveria nascer da parte mais sensível e pura do ser humano, do mundo dos sentimentos, o artista romântico passou a considerar o “eu” como centro do universo, gerando assim, uma das características básicas desse estilo da época – o Individualismo.
Dentro dos textos românticos as características mais comuns eram:
  • Liberdade de criação: Postura diante da arte da vida;
  • Sentimentalismo: O romântico acredita-se que é através dos sentimentos que se consegue traduzir tudo aquilo que se tem dentro de si;
  • Supervalorização do amor: O amor fora considerado a coisa mais importante da vida, entrando em oposição a Burguesia, pois valorizavam o dinheiro. Obtêm-se a LOUCURA, a MORTE ou o SUICIDIO através da perda do amor.
  • Idealização da mulher: está é divinizada, cultuada, pura, envolta, virgem.
  • Mal-do-século: é a ideia que o espírito humano busca sempre a perfeição, a totalidade e o desajuste do individuo na sociedade burguesa; pessimismo em relação a sociedade e a si mesmo; busca do isolamento, da solidão.
  • Evasão: Volta-se ao passado histórico, no caso a idealização da Idade Média, como época de estabilidade política e social.
·        Individualismo: O homem burguês deu livre expressão a seus sentimentos e emoções mais íntimos.   
·        Feição anticlássica: A estética romântica proclamou a liberdade individual do artista. 
·        Fuga da realidade: A insatisfação com o mundo leva o romântico a fugir da realidade, expressando suas obras de várias maneiras: fuga para a natureza, fuga para o passado, fuga para o interior de si mesmo, fuga para o lado noturno de vida, para o misticismo, o sobrenatural, o sonho, a loucura ou a própria morte. 
·        Nacionalismo: O nacionalismo romântico floresce, e propaga a ideia de que cada povo é único e criativo, e expressa seu gênio na linguagem, na literatura, nos monumentos e tradições populares.


Contexto histórico específico do Romantismo Portugues (Principais obras e autores)

O Romantismo floresceu em todos os países ocidentais. Em Portugal, a tendência se desenvolveu a partir de 1836, nessa época o país passava por uma profunda crise econômica, política e social. 

A situação do país se agravava com a invasão de Napoleão e a independência econômica do Brasil, em 1820, iniciou-se uma revolução liberal para a modernização do país. 
Em 1836, as idéias românticas começaram a fluir, foram levadas da França e da Inglaterra pelos emigrados durante a revolução. 
Há três momentos distintos no desenvolvimento do Romantismo português:
·                               1º Romantismo (ou primeira geração): atuante entre os anos de 1825 e 1840, ainda bastante ligado ao Classicismo, contribui para a consolidação do liberalismo em Portugal, Os ideais românticos dessa geração estão embasados na pureza e originalidade. Principais escritores: Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Antônio Feliciano de Castilho.
·                               2º Romantismo (ou segunda geração): também conhecido como Ultra-Romantismo, marcado pelo exagero, desequilíbrio, sentimentalismo, prevalece até 1860. Principais escritores: Camilo Castelo Branco e Soares Passos.
·                               3º Romantismo ( ou terceira geração): de 1860 a 1870, é considerado momento de transição, por já anunciar o Realismo. Traz um Romantismo mais equilibrado, regenerado (corrigido, reconstituído). Principais escritores: João de Deus, na poesia, e Júlio Dinis, na prosa.


Almeida Garrett: Camões (1825), Dona Branca (1826), Adozinda (1828), Catão (1828), Romanceiro (1843), Cancioneiro Geral (1843), Frei Luis de Sousa (1844), Flores sem Fruto (1844), D’o Arco de Santana (1845), Folhas Caídas (1853);
Alexandre Herculano: Eurico, o presbitério, O monge de Cister, O bobo, Lendas e narrativas;
Antônio Feliciano de Castilho: artas de Eco e Narciso (1821), A Primavera (1822), Amor e Melancolia (1828), A Chave do Enigma, A Noite do Castelo (1836), Os Ciúmes do Bardo (1836), Crónica Certa e muito Verdadeira de Maria da Fonte (1846), Felicidade pela Agricultura (1849), Escavações Poéticas (1844), Presbitério da Montanha, Quadros da História de Portugal (1838), O Outono (1863).
Camilo Castelo Branco: Pundonores desagravados, Novelas: Anátema,A queda de um anjo, Onde está a felicidade?, Amor de Perdição, Amor de Salvação,Coração, cabeça e estômago, Novelas do Minho, Eusébio Macário, A coruja, A brasileira de Prazins.
Soares dos Passos: composição mais conhecida é O Noivado do Sepulcro.
João de Deus: Em 1893 publicou a coletânea poética Campo de Flores, incluindo-se nesta duas obras anteriores: Flores do Campo e Folhas Soltas. 
Júlio Dinis: "Uma Família Inglesa" (1868), "Serões da Província" (1870), "Os Fidalgos da Casa Mourisca" (1871), "Poesias" (1873) e "Teatro Inédito" (1946). 


Contexto histórico especifico do Romantismo no Brasil, inclusive características

A Independência é o principal fato político do século 19 e vai determinar os rumos políticos, econômicos e sociais do Brasil até a Proclamação da República (1889). Merece destaque também o Segundo reinado, em que o país conheceu um período de grande desenvolvimento em relação aos três séculos anteriores. Apesar disso tudo, o Brasil continuou um país fundamentalmente agrário, cuja economia se baseava no latifúndio, na monocultura e na mão de obra escrava.


Ênfase para as 3 fases do Romantismo Brasileiro (poesia), com seus principais autores e obras

Na poesia, distinguem-se três fases, as chamadas gerações românticas:
·         Indianismo - uma das formas mais significativas do nacionalismo romântico. o índio é um ser idealizado (nobre, valoroso, fiel), apesar disso demonstra a valorização das origens da nacionalidade.
·         Mal do século - voltando-se inteiramente para dentro de si mesmos, esses poetas expressavam em seus versos pessimistas um profundo desencanto pela vida. Muitos marcados pela tuberculose, mal que deu nome à fase.
·         Condoreirismo - poesia social e libertária que reflete as lutas internas da segunda metade do reinado de D. Pedro II.
  Principais poetas e obras Indianismo:
  Gonçalves de Magalhães: Suspiros Poéticos e Saudades (1836); Urânias (1862); Cânticos Fúnebres (1864).
    Gonçalves Dias:"I Juca Pirama", "Canção do Tamoio", “Os Timbiras”,"Leito de folhas verdes", "Se se morre de amor", "Como? És tu?", "Ainda uma vez - adeus!", "Seus olhos","Canção do Exílio","O mar","A noite" e "A tarde".
Principais poetas e obras mal do século:
·         Alvarez de Azevedo: "O Conde Lopo","Poema do Frade","Liras dos vinte anos","Macário"e "Noite na Taverna".
·         Junqueira Freire: Inspirações do claustro (1855) e Contradições poéticas (data incerta).
·         Casimiro de Abreu: Primaveras.
·         Fagundes Varela: Noturnas (1861), O Estandarte Auriverde (1863), Vozes da América (1864), Cantos e Fantasias (1865), Cantos Meridionais (1869), Cantos do Ermo e da Cidade (1869), Anchieta ou Evangelho na Selva (1875), Diário de Lázaro (1880), Cantos Religiosos (1878).

Principais poetas e obras condoreirismo:

·         Castro Alves: "Espumas Flutuantes" (1870)"A Cachoeira de Paulo Afonso" (1876)"Os escravos" (1883)
  • Tobias Barreto: Que Mimo (1874)O Gênio da Humanidade (1866)A Escravidão (1868)Amar (1866)Glosa (1864)
Ênfase para as 4 tendências da prosa no Romantismo Brasileiro
Romance urbano 

Ambientado na corte, o romance urbano caracteriza-se pela crônica de costumes, retratando a vida social da época. A pequena burguesia é apresentada sem grande aprofundamento psicológico, visto que a sociedade brasileira, ainda pouco urbanizada, não propicia análises de suas relações sociais pouco variadas. Cenas de saraus, bailes, passeios ao campo, etc. alternam-se com complicações de caráter social e moral, como casamentos, namoros, bisbilhotices, etc. 
São romances urbanos: A Moreninha, O Moço Loiro, A Luneta Mágica, de Joaquim Manuel de Macedo; Memórias de umSargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida; Diva, Lucíola, Senhora, A Pata da Gazela, Cinco Minutos e A Viuvinha, de José de Alencar. 

Romance regionalista 

O ambiente rústico, rural é focalizado. A atração pelo pitoresco leva o escrito romântico a pôr em evidência tipos humanos que vivem afastados do meio citadino. Isso observamos nos livros: O Cabeleira, de Franklin Távora; O Sertanejo, de José de Alencar; O Garimpeiro, A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães; Inocência, de Visconde de Taunay. 

Romance histórico 

Está ligado, pelo assunto, ao romance de “capa e espada”; revela o gosto pelo suspense e a ênfase à vingança punitiva. Há uma volta ao passado histórico, medieval. Apesar da influência estrangeira, pouco a pouco o romancista volta-se para a reconstituição do clima nacional; procura ser fiel aos hábitos, instituições e modus vivendi. 



Romance indianista
O romancista procura valorizar as nossas origens. Há a transformação das personagens em heróis, que apresentam traços do caráter do bom selvagem: valentia, nobreza, brio. Essa tendência do romance romântico encontramos nas obras: O Guarani, Iracema e Ubirajara, de José de Alencar.